por David Plassa*
Às vezes arte é aquilo que só você sabe
E te censura
Pelo puro delírio das formas
Às vezes arte é aquilo que te cala
E você sem saber qual filtro usar
Na tentativa de não ficar sozinho
diante do absurdo silêncio
Quatro paredes, tic
em tua direção, tac
Você nem imagina quais são os termos de uso
São três e 29 da manhã
Desde o primeiro segundo do novo dia
53 fazendeiros indianos suicidaram-se por não conseguir dar o que comer para os filhos
São sete
Às vezes arte é acreditar que você sabe aonde vai
Porque sem um sentido geral
Qualquer objetivo mesquinho é um movimento
E as ruas te aquecem
Como um gole de conhaque desnecessário
Mas só às vezes
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*David Plassa saiu em um Fusca verde da maternidade em 1987 e se emociona com dinossauros. Já foi motorista, segurança, vendedor de chocolates, barista, auxiliar de biólogo, livreiro e, quando há estabilidade econômica, jornalista. Premiado ou selecionado para coletâneas de alguns concursos literários, mais ou menos tenta publicar um livro de poesias. David escreve toda quinta-feira.